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Reflexos de Callado

08/12/2017

A inauguração da Sala Antonio Callado entrou para a história do Pró-Saber como uma noite muito especial. Na foto, Tessy Callado, Rosiska Darcy de Oliveira,  Ana Arruda Callado, Cícero Sandroni e Geraldo Carneiro mostram exemplares de diferentes edições do romance epistolar "Reflexos do Baile", escolhido como centro da homenagem ao grande escritor brasileiro. Os cinco leram trechos das cartas que compõe o livro, um dos preferidos de Callado, e compartilharam histórias sobre ele com muito humor e emoção. 

Antonio Callado (1917-1997) foi lembrado como um homem que reunia qualidades aparentemente contraditórias: delicadeza, ternura, força, firmeza, além de grande elegência e fino senso de humor. "A inspiração da minha geração", resumiu Rosiska. Cícero Sandroni lembrou que, durante a ditadura militar, Callado, abertamente opositor do regime e perseguido por suas posições políticas, chegou com sua mulher, Ana, a uma festa na casa do editor Ênio Silveira (Civilização Brasileira), onde agentes do DOPS estavam presentes. Ao perceber a situação, Ênio foi recebê-los e dirigiu-se a Callado como se ele fosse o embaixador inglês. Essa presença de espírito despistou os agentes, e evitou a prisão do escritor naquela noite. O próprio Ênio, no entanto, foi preso ao final da festa. Callado também acabou sendo preso depois, por duas vezes.

Geraldo Carneiro leu apenas uma frase de "Reflexos do Baile", justificando que nada mais precisaria ser dito depois dela: "O papel da revolução é impedir a existência de qualquer gemido que não seja gemido de amor."

Ao final, Ana Arruda Callado, viúva do escritor, entregou a Maria Cecilia Almeida e Silva, pró-reitora do Pró-Saber, o livro "A Inconsciência do delinquente", de Dario Callado, editado em 1916, que foi a tese do pai de Callado no concurso à cadeira de Medicina Pública da Faculdade de Direito Teixeira de Freitas. Uma preciosidade que foi imediatamente incorporada ao acervo doado por Tessy, filha do escritor. 


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