Autores: Maria Cecilia Almeida e Silva, Martha Bonardi, Jana Monte V. da Cunha, Thelma Polon, Fernanda Tostes Costa, Regina Célia da Silva Cortez, Verena Seidl Kadlec, Cesar Mussi Ibrahim.

"Cuidado, Frágil". Cola-se a advertência aos bens mais preciosos, quando se deslocam no espaço. Assim também se poderia colar essa etiqueta no mais precioso bem da adolescência, a amizade, quando ela se desloca no tempo e choca-se contra as convenções da vida adulta. Mas se essa fragilidade é assim chamada pela memória do adulto, nada é mais alheio ao adolescente, que pousa na amizade como no mais sólido chão e faz dela o terreno onde brota o melhor de si: lealdade na adversidade, atenção à felicidade do outro, incondicionalidade em face de terceiros, franqueza na intimidade. E a cumplicidade muda, linguagem de silêncios, a mais eloquente, e que fala de ternura.

É o que nos ensina a pesquisa realizada pelo Pró-Saber, fascinante interrogação sobre o mundo da adolescência que escolheu como chave para seu entendimento a experiência mais amplamente distribuída, para além das classes, dos bairros, das escolas e das famílias. Aquela que inaugura o espaço afetivo fora do nicho familiar, que prenuncia e ensaia a experiência amorosa. Que é ela mesma, vivência amorosa, a amizade, que exclui a traição e aceita riscos oceânicos.  “Já enfrentei o mar”, diz alguém que testou no perigo de vida a força vital da amizade.

A pesquisa do Pró-Saber sobre a amizade entre os adolescentes é, nesse sentido, um texto político que chama à reflexão sobre o ato educativo, intervenção forçosamente arriscada em matéria preciosa e frágil. Que exige do educador a coragem cotidiana de confrontar-se à luminosidade do outro, tanto mais perturbadora quanto mais capaz de evidenciar uma certa opacidade da vida que nos é dada viver, a nós que nos intitulamos adultos, porque já ganhamos a maturidade. E o que perdemos? (Rosiska Darcy de Oliveira).

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